Eleições 2022: Lula é eleito presidente do Brasil
Com 98,81% das urnas apuradas, TSE declarou o petista vencedor com 50,83% dos votos válidos, contra 49,17% de Jair Bolsonaro
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do PT, foi eleito presidente do Brasil hoje (30). Lula derrotou o candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) no segundo turno da disputa presidencial e voltará à Presidência pela terceira vez, impondo uma inédita derrota nas urnas a um ocupante do Palácio do Planalto que buscava um segundo mandato.
Com 98,81% das seções eleitorais apuradas, Lula alcançou 50,83% dos votos válidos, não podendo mais ser alcançado por Bolsonaro, que somava 49,17%, de acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), na eleição mais acirrada desde a redemocratização do Brasil.
A apuração foi apertada desde o início, com Bolsonaro ficando à frente até 67,76% das seções apuradas, quando Lula tomou a frente com 50,01% dos votos válidos.
Lula, que foi presidente por dois mandados de janeiro de 2003 ao fim de 2010, é a primeira pessoa a conquistar um terceiro mandado presidencial na história democrática do país. Aos 77 anos, completados na última quinta-feira, ele levará o PT de volta ao poder pouco mais de seis anos após o partido de esquerda ter sofrido o impeachment da então presidente Dilma Rousseff pelas chamadas “pedaladas fiscais” e herda um país dividido.
Com apenas 1,66 ponto percentual de distância, foi uma vitória bastante mais apertada do que o previsto pela maioria das pesquisas – o resultado ainda mais ajustado do que o de 2014, quando Dilma derrotou Aécio Neves. Apenas o levantamento da CNT/MDA previa um empate entre os adversários.
Campanha
A campanha do petista atraiu apoio dos mais diversos setores da sociedade. Nomes como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), a senadora Simone Tebet (MDB) –terceira colocada no primeiro turno– e o ex-ministro Henrique Meirelles endossaram Lula no segundo turno, reforçando uma campanha que já havia terminado na liderança na primeira votação.
Bolsonaro, que passou meses atacando sem provas o sistema eletrônico de votação, dizendo ser passível de fraude –o que é rejeitado por autoridades eleitorais e especialistas independentes–, entra para a história como o primeiro candidato à reeleição a sair derrotado nas urnas em uma disputa presidencial no Brasil.
Lula voltará à Presidência 12 anos após ter encerrado seu segundo mandato, período em que foi do céu ao inferno. Se deixou a Presidência com 87% de aprovação, passou 580 dias preso condenado por corrupção no âmbito da operação Lava Jato, viu a sucessora Dilma Rousseff ser alvo de um impeachment e, barrado legalmente, não pôde concorrer na eleição de 2018.
Agora o petista não deve nada à Justiça, uma vez que suas ações foram anuladas pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que viu parcialidade nos processos da operação Lava Jato, e desde que se lançou candidato ao pleito deste ano sempre apareceu em primeiro lugar nas pesquisas.
O resultado confirmou o favoritismo ao longo de toda campanha do ex-presidente, que agora retornará ao Planalto tendo como vice-presidente seu ex-adversário Geraldo Alckmin (PSB) –nome de centro-direita que foi importante para o presidente consolidar sua aliança ampla formada para derrotar Bolsonaro.
Desafios e promessas
A definição da equipe econômica será a primeira pressão que Lula terá de gerir. Investidores e operadores do mercado financeiro repetem que não basta que o petista diga que será responsável com as contas públicas, mas querem a escalação para a Fazenda, assim como um detalhamento do que propõe para substituir o combalido teto de gastos.
Incluído na Constituição em 2016 para limitar o crescimento das despesas públicas à variação da inflação, o teto de gastos foi driblado pelo governo Bolsonaro e é consenso de que necessitará ser substituído. Toda alteração terá de contar com a chancela do Legislativo.
Lula promete manter o Auxílio Brasil em R$ 600 e também disse que vai aumentar acima da inflação o valor do salário mínimo, que indexa também boa parte dos gastos previdenciários.
Se seus dois primeiros mandatos coincidiram com o boom das commodities, ajudando-o a reduzir a desigualdade e tirar milhões da pobreza extrema, agora o cenário externo é mais nebuloso, com temor de recessão global e uma guerra em curso na Europa.
O futuro presidente brasileiro também passará por um escrutínio externo no quesito ambiental. O petista prometeu reprimir a mineração ilegal na floresta amazônica e conter o desmatamento que atingiu um pico em 15 anos sob Bolsonaro.